Alta do dólar

Alta do dólar e tarifas dos EUA aumentam incertezas para o comércio e serviços no Brasil

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CNC prevê IPCA de 4,4% e taxa Selic em 15% até o fim de 2025, com impacto direto no consumo e nos custos do setor de turismo e alimentação

A recente imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos reacendeu os alertas para o cenário econômico brasileiro, especialmente para os setores de comércio, serviços, turismo e alimentação. Segundo análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a medida provocou valorização imediata do dólar, encarecendo insumos e pressionando os custos das empresas que atuam no mercado interno.

Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,24%, levando a inflação acumulada em 12 meses para 5,35% — sexto mês seguido acima do teto da meta, que é de 4,5%. Além disso, o núcleo de inflação dos serviços, sensível à variação da renda, atingiu 6,2%, indicando que o custo de vida segue em ritmo elevado.

Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, “o efeito da nova rodada de tarifas volta a trazer incertezas para o cenário inflacionário. Se, por um lado, o aumento do dólar favorece a alta de custos, a dificuldade de exportar para os Estados Unidos pode redirecionar parte da produção ao mercado interno, suavizando alguns preços”.

Contudo, a CNC avalia que esse redirecionamento da produção não será suficiente para compensar os efeitos negativos da alta do dólar e dos juros. O encarecimento da energia elétrica — que registrou aumento de 2,96% em junho — também pesa no orçamento das famílias e no funcionamento de empresas do setor de hospedagem, bares e restaurantes.

 

Crédito caro e consumo pressionado

A Confederação mantém suas projeções de que o IPCA deve encerrar 2025 em 4,4%, dentro do intervalo de tolerância, mas acima do centro da meta. A taxa básica de juros, Selic, deve permanecer em 15% até o fim do ano, o que restringe ainda mais o acesso ao crédito e a retomada do consumo.

Fabio Bentes alerta: “O Banco Central não encontrará espaço seguro para cortes enquanto os núcleos de inflação não cederem de forma consistente.” A combinação de renda comprimida, crédito restrito e elevação de preços mantém o cenário desafiador para empresas do setor terciário, como as do turismo, alimentação fora do lar e comércio varejista.

Fonte: CNC

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